Ao olhar para o panorama da publicidade na televisão portuguesa avisto uma outra forma de activismo ou eventualmente uma outra forma de exercício de cidadania que a realidade nos convida (necessária e forçosamente), a todas e a todos, a adoptar.
O mais recente anúncio da Calgonit é paradigmático.
9 em cada 10 portuguesas sorriem graças ao Calgonit.
Este anúncio é paradigmático da urgência de uma qualquer acção política em Portugal que vise uma regulamentação efectiva da máquina publicitária e das linguagens que ela veicula.Como a acção política tarda, talvez a acção cívica possa surtir os seus efeitos. Como? Tornando-nos conscientes dos produtos que queremos ou não consumir, dos estereótipos que queremos ou não alimentar e, em função disso, optando.
Eu pessoalmente opto por não consumir o discurso de que a felicidade das mulheres depende de um detergente ou de qualquer outra coisa que as confine ao mundo da domesticidade que, é, sejamos claras/os, o mundo da subserviência.
Se depender de mim...das duas uma: ou a Calgonit fecha as portas (ela e todas as congéneres na ideologia) ou repensa a sua política publicitária.