sábado, junho 30, 2007

Família Superstar

Constou-me que a SIC anda à procura da Família Superstar.
Informo a estação que não vale a pena procurar mais.
Quem ontem ouviu a família CDS-PP a cantar o hino da campanha de Telmo Correia ficou rendido/a às evidências.
Temos artistas!

sexta-feira, junho 29, 2007

Amazónia

Reflexo de Amauri Moreira

Imagens da minha Amazónia...

Para onde rumarei um dia em busca das minhas origens...

Dádiva divina

Ontem Fernando Rosas perguntava a Mariano Gago, na Assembleia da República, se ele seria politicamente surdo.
"Muito bem", disse eu desta minha bancada. É que o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior não só é politicamente surdo, como politicamente cego. Só é pena que não seja politicamente mudo. Isso sim, seria uma dádiva divina.

quarta-feira, junho 27, 2007

UMAR-te assim perdidamente


A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) vai promover um leilão de arte para angariação de fundos, no próximo dia 6 de Julho, na Junta de Freguesia de Aldoar, no Porto.

"A arte é o mote, o objectivo promover a justiça social".

Uma iniciativa a não perder. Por todas as razões e mais algumas.

segunda-feira, junho 25, 2007

Roteiro dos afectos


Como é cómodo (e conveniente) recostarmo-nos no nosso sofá e fecharmos os olhos ao mundo dos outros. Quando o assunto não nos diz directamente respeito (quando não o vivemos na pele, entenda-se) geralmente vestimos o ar sobranceiro e altivo de quem está distante (e acima) das realidades estranhas.
Quando os direitos não são nossos (quando não são aparentemente nossos) não nos atrevemos a ir em busca deles, nem mesmo aceitamos que outros/as o façam. Para quê, se não são nossos?
Como é fácil apontar o dedo, criticar, tornar menor...

A propósito da Marcha pelo Orgulho LGBT, sobre a qual escrevi no post anterior, ouvi inúmeras barbaridades. Como se ouvem todos os dias aliás, de forma mais ou menos simulada. Finge-se neste país que a igualdade é um bem adquirido. Assim como a democracia. Mas finge-se mal.
As pessoas têm o preconceito estampado no rosto e na voz. Continuam a querer guetizar quem não cabe no padrão, definindo hierarquias de autoridade moral e de decência.
Parece que tudo que contraria o convencionado atenta contra a ordem. Mas qual ordem? Estipulada por quem?

Será assim tão difícil perceber que a homossexualidade é apenas um caminho no amplo roteiro dos afectos?

sábado, junho 23, 2007

Diferentes entre iguais

A afirmação do orgulho pela diferença é uma forma de luta pela igualdade.
Porque os afectos não têm sexo. E merecem ser celebrados! Por todos/as!
Marchando lá...ou em qualquer outro lugar.

sexta-feira, junho 22, 2007

Triste espectáculo!

Para Luís Figo parece não haver diferenças entre a sua mulher e uma cerveja sem álcool.
Ambas são espectaculares!

Por quatro milhões de euros (o valor que terá custado a campanha publicitária) tudo se vende!
Até a dignidade!

terça-feira, junho 19, 2007

Campanha sobre HIV

Para não esquecer...

O mundo público e as mulheres

O mundo público não é pertença das mulheres.
Para quem ainda tinha dúvidas, mais um estudo recente a demonstrar o óbvio. Na administração pública central, embora constituam a maioria, estão sub-representadas nos escalões de remuneração mais elevados e nas funções de topo.

Costuma-se dizer que o exemplo vem de cima!
E é bem verdade!

segunda-feira, junho 18, 2007

Fazes-me falta

Fazes-me falta.
Quero dizer-to em voz alta.
Os meus sussuros não têm eco.

Ontem assisti na televisão a uma reportagem sobre a realidade da oncologia pediátrica.
O seu título era "o mundo ao contrário".
Lembrei-me (sem nunca me ter esquecido sequer por um segundo) do que o cancro fez ao nosso mundo...um mundo que de repente, sem que o quisessemos, não só ficou ao contrário, mas do avesso.
Lembrei-me dos tantos degraus que tivemos de subir e de descer...de voltar a subir para depois voltar a descer...
Lembrei-me dos caminhos que percorremos sem saber para onde íamos...das horas que velamos a vida com medo que ela se nos escapasse por entre os dedos.
Quando estamos do avesso tudo é nada. Perdemos o rumo e o fôlego. Mas ainda assim esbracejamos.

Hoje, a 3 anos de distância, o nosso mundo não voltou (e não voltará certamente) ao seu lugar original. Talvez ainda esteja do avesso.
Recuperei o rumo e o fôlego, mas tu escapaste-me por entre os dedos...
Fazes-me falta.
Quero dizer-to em voz alta.
Os meus sussuros não têm eco.

domingo, junho 17, 2007

Amnesty Signature

Para ver com olhos de ver...

sexta-feira, junho 15, 2007

Violência nas escolas

Ontem discutiamos numa aula a questão da escalada de violência entre as camadas mais jovens e o crescente desejo do consumo gratuito da mesma através da visualização de registos videográficos da morte na internet. Parece estar a avolumar-se a tendência para procurar retratos ao vivo do sofrimento humano, pela busca do prazer de ver morrer...e de ver matar.

Não só se consome violência fora da escola, mas igualmente dentro dela, entre pares. O bullying faz parte da realidade portuguesa, não tenhamos dúvidas disso. Do chamado "jogo do poste" ao "jogo da lata", passando por outras manifestações de teor idêntico, quase todo o tipo de violência habita as nossas escolas. Em algumas os/as alunos/as fazem já circular pela internet vídeos de cariz sexual em que eles/as próprios/as são os/as protagonistas.

Mas o fenómeno da violência nas escolas não ocorre apenas entre os pares. Ao fim do dia ouvi a notícia de que um professor da Universidade do Minho tinha sido esfaqueado no seu gabinete por um aluno que se sente insatisfeito com o Processo de Bolonha.
Estremeci! Imagine-se o banho de sangue que teriamos se todos/as os/as alunos/as que estão insatisfeitos/as com Bolonha desatassem a esfaquear os/as professores/as! Arrisco-me a dizer que a classe ficaria reduzida pelo menos a metade!

Não sei se estes fenómenos traduzem um ritual em vias de massificação, mas o facto é que o seu crescimento não pode deixar de fazer-se acompanhar de uma análise de fundo sobre o que tudo isto significa.
O aumento da violência (ou pelo menos a sua maior visibilidade) é certamente um sinal de alarme para quem educa. Se persistirmos nesta atitude de "faz de conta" acredito que qualquer dia não estamos a noticiar um qualquer massacre nos EUA, mas em Portugal.

segunda-feira, junho 11, 2007

Perfis psicológicos

Dá-me a sensação que os perfis psicológicos estão na moda.
Por tudo e por nada e a propósito de coisa nenhuma lá vem alguém reclamar que se trace o perfil psicológico de a ou de b.
Como se a sistematização de regularidades num determinado padrão fosse possível em todas as circunstâncias. Como se as pessoas pudessem ser sempre encaixadas numa categoria homogénea, imune à variabilidade e à diversidade e, por isso, pudessem ser previsíveis e controláveis à luz de uma qualquer regra de acção imutável.
Temos uma necessidade ávida de etiquetar tudo. Como se os rótulos dessem sentido à realidade!!!

sábado, junho 09, 2007

"O pessoal é político"

Chegou finalmente esta semana ao Tribunal Constitucional o caso de 2 mulheres - Teresa Pires e Helena Paixão - que tentaram, em vão, contrair matrimónio numa conservatória de Lisboa há cerca de um ano e meio atrás.

Fico ao rubro sempre que assisto ao agitar das bandeiras da revolução por uma causa (pessoal ou social) em que se acredita convictamente. Mais ainda quando assisto no presente ao reavivar de uma chama antiga que permanece acesa apesar dos muitos avanços (e também dos muitos recuos) que vamos fazendo: "o pessoal é político".

Há nestes actos de rebeldia salutar um quê de subversão que me fascina. Talvez porque ainda acredite que as grandes conquistas não se alcançam fortuitamente ou ao acaso, mas sim por via de uma vontade acintosa e de uma militância activa. Uma vontade acintosa de fazer mover o que alguns/as julgam inamovível, agitando consciências, sacudindo moralismos dismórficos, virando as mesas, partindo a loiça.

A Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 13.º (Princípio da igualdade), estabelece que:

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Terá a República Portuguesa uma Constituição de retórica?
Ou estaremos todos/as a precisar de umas aulas de democracia?

quinta-feira, junho 07, 2007

Lembranças

Há dias em que as memórias nos invadem.
Sentimos saudades de outros tempos.
Revisitamos os nossos vazios.
Há lugares em nós que permanecem intocáveis.
Intocáveis ao passar do tempo, ao suceder da vida.

As lembranças revitalizam-nos.

terça-feira, junho 05, 2007

Legítima defesa

Vivemos, a semana passada, um momento histórico na justiça portuguesa.
Maria Clementina, uma mulher acusada de matar o marido, foi absolvida pelo Tribunal de S. João Novo do Porto, por este considerar que o homicídio havia sido praticado em legítima defesa.
O Tribunal não só admitiu as evidências de que Maria Clementina era vítima de maus-tratos, como lembrou o número de mulheres mortas em Portugal na sequência deste tipo de criminalidade.

O momento foi histórico por várias razões:
Pelo reconhecimento público do fenómeno e das suas implicações.
Pela natureza pedagógica da decisão.
Pelo enfoque assumido (o de vítima e não o de criminosa).
Pelo garante de uma democracia que se quer paritária e justa.

Mas sobretudo pela liberdade restituída a esta mulher.
Pelo respeito pelos seus direitos.

sábado, junho 02, 2007

Que saudades!

Ontem levei pela primeira vez o Rui ao teatro. Fomos ver uma peça infantil onde os/as actores/as se confundiam com animais... uma delícia!
No meio da criançada senti-me novamente na infância...
Que saudades daquela ingenuidade! Do riso solto e das palavras libertas!
De tudo o que a idade adulta transforma muitas vezes (quase sempre) em contenção, prudência e sensaboria!

sexta-feira, junho 01, 2007

O lugar da Psicologia em Bolonha

Bolonha veio introduzir, no contexto do espaço europeu, mudanças muito específicas no sistema de ensino-aprendizagem. Não só a lógica por detrás da formação se alterou substancialmente, como se transformaram (em alguns casos se ajustaram apenas) as ferramentas que a corporizam.

Na psicologia em particular as mudanças estendem-se ao domínio do exercício da profissão e servem de suporte à criação de um regime relativamente complexo de certificação. De forma a homogeneizar a qualificação e a permitir a mobilidade dos/as psicológos/as, mas igualmente com o objectivo de garantir a qualidade dos serviços prestados por estes/as, foi instituída a figura do Diploma Europeu de Psicologia ou, se quisermos, o Certificado Europeu em Psicologia (EuroPsy). Este documento permitirá que os/as psicólogos/as sejam reconhecidos/as como tendo uma qualificação a nível europeu em Psicologia, qualificação essa que os/as certifica do ponto de vista do exercício da sua profissão.
Para a obtenção deste diploma são exigidos 6 anos de formação, sendo o último deles destinado à chamada prática supervisionada.
Os 3 primeiros anos de formação são dedicados à orientação dos/as alunos/as relativamente às diferentes sub-áreas da Psicologia, bem como a áreas afins e constituem a primeira fase de formação (1.º ciclo). Conferem o grau de bacharel (equivalente a licenciado/a).
Concluída a primeira fase os/as alunos/as ingressam no chamado 2.º ciclo, o qual confere o grau de mestre. Aqui o enfoque é a preparação para a prática profissional independente.
No 2.º ciclo, os 2 primeiros anos destinam-se a um aprofundamento, grosso modo, das competências de avalição, intervenção e investigação, culminando por isso mesmo num estágio com a duração mínima de 6 meses (2.ª fase) .
Ultrapassada esta fase deverá seguir-se então um ano de prática supervisionada (3.ª fase: não confundir com 3.º ciclo!), sem o qual a certificação não pode ser atribuída.
Terminado o 2.º ciclo os/as alunos/as poderão prosseguir para o 3.º ciclo, obtendo com a sua conclusão o grau de doutoramento.

Resumindo: a prática profissional independente só pode ser exercida se forem concluídas com êxito as 3 fases descritas anteriormente, as quais incluem a obtenção do grau de bacharel e de mestre, bem como a realização da prática supervisionada.

Todas estas questões poderão ser aprofundadas em:
http://www.efpa.be/

Para um download directo do Europsy clique em:
http://www.efpa.be/doc/EuroPsyJune%202006.pdf

Pena de morte ou prisão perpétua

Ouvi ontem na rádio, quando vinha a caminho de casa, que cerca de 300 reclusos condenados a prisão perpétua, em Itália, enviaram ao presidente da república do seu país, uma carta que exige que lhes seja aplicada a pena de morte.
Na carta publicada no "La Republica" dizem o seguinte: "Estamos cansados de morrer um bocadinho todos os dias, preferimos morrer de uma só vez. Preferimos que as nossas penas de prisão para toda a vida sejam transformadas em pena de morte». E continuam o apelo afirmando "a prisão perpétua é uma invenção malvada de um não Deus, uma vitória sobre a morte».

Fiz o resto do percurso a pensar no significado deste pedido. Do pedido e das palavras que o orquestram. Curiosamente, minutos antes, tinhamos estado numa aula a discutir a eutanásia, a propósito de um trabalho apresentado por um grupo de alunas sobre a tomada de decisão.

Pergunto-me se este apelo à pena de morte não é um apelo disfarçado à eutanásia. Um apelo a uma morte assistida que possa fazer cessar de uma só vez o suplício que parece ser para eles a prisão perpétua ou a realidade de uma morte lentificada.

Para mim quer a prisão perpétua, quer a pena de morte, são atestados sociais de incapacidade. Funcionam como medidas privativas não apenas da liberdade, mas da vida.
Não há escolha possível entre as duas. Ou estaremos, ao fazê-la, a renunciar ao direito de mudar. Porque nada é perpétuo... a não ser a morte.