domingo, setembro 23, 2007

"Hombres contra la violencia machista"


Como eu gostava de assistir a isto em Portugal...
Alguém aceita o desafio?

Biodiversidade

Uma iniciativa sobre a Biodiversidade a não perder. Porque temos que cuidar o futuro...

quarta-feira, setembro 19, 2007

Desuso...

"CRIME PASSIONAL CAIU EM DESUSO".

Desuso significa exactamente o quê?
Que o número de mortes de mulheres em Portugal resultante de agressões levadas a cabo pelos seus companheiros ou ex-companheiros não é suficientemente expressivo para que o assunto esteja na moda?

E com que ligeireza se psicologizam os problemas societais...
Quer então dizer que os crimes passionais se devem sobretudo "a psicoses de tipo maníaco-depressivo, depressão paranóica ou esquizofrénica ou dependência afectiva muito forte que torna a separação insuportável"?
E assim se constrói o mote para a desresponsabilização social...e para a permissividade... e para... tantas outras coisitas que a minha paciência (ou a falta dela) me impede de aqui elencar...

Autoridade imaginada...

Iniciação. Integração. Adaptação.

Em nome destes e de outros argumentos praxa-se quem chega de novo quando o ano lectivo se inicia.
Ao som do grito rouco ou do gesto firme de quem veste de escuro o poder estabelece-se a ordem: dos/as que mandam e dos/as que obedecem.
Vale (quase) tudo no jogo da autoridade imaginada. O brilho do estatuto fugidio ofusca a percepção dos limites: as diferenças entre iguais tornam-se gigantescas.
Para entrar na tribo há que curvar-se perante ela...

quinta-feira, setembro 13, 2007

Honra nacional

Sobre a polémica do jogo de ontem há quem diga que o único erro de Scolari foi não ter acertado o alvo! Nada melhor do que uma boa murraça para repor a honra nacional!

domingo, setembro 09, 2007

O Big Brother da actualidade

...ou a novela McCann...

The show must go on...
Não importa como...desde que a plateia sinta que o preço que paga pelo espectáculo vale o espectáculo. O espectáculo de assistir à vida dos outros e decidir sobre ela arbitrariamente.
Da inocência à culpa o passo pode ser pequeno, mas geralmente é irremediável.
Não se resgata a paz que a presumível culpa sequestra, mesmo que a inocência seja recuperada.

Vestimos todos/as a toga com demasiada leviandade. Como se fossemos juízes/as da vida dos/as outros/as e tivessemos o poder de decidir o seu destino.
Então e a justiça que tanto reclamamos, serve para quê?

quinta-feira, setembro 06, 2007

Venha o diabo e escolha

Depois disto... Isto...

Dolce & Gabanna prosseguem a sua estóica cruzada pela igualdade!

Ciência do senso comum

Uma ida a um salão de cabeleireiro/a é um encontro sagrado com a ciência do senso comum. Sem os formalismos e as friezas de outros laboratórios sociais neste apregoam-se certezas sobre quase tudo, disseca-se ao detalhe os roteiros e as preferências das celebridades, murmuram-se críticas ao estado do país, choram-se as mágoas, soltam-se os risos contidos: fala-se da vida. Da sonhada, da real, da ficcionada, mas da vida. Ou não se fala...ouve-se a vida.

No último destes meus encontros sagrados (não tenho muitos, apesar de apreciar imensamente a sua riqueza) assisti ao desenvolver de uma conversa fascinante. Dizia-se em voz alta que tinha estado no salão horas antes um dr. fulano de tal, negro, a fazer uma marcação. Exigia ele não ser atendido por brasileiras ou africanas ou por qualquer outra nacionalidade imigrante que pudesse laborar por aquelas bandas. "Racista!": exclamou a cabeleireira brasileira que me atendia...
Mas a conversa prosseguiu sem que esta exclamação tivesse operado qualquer efeito em quem contava a história ou em quem assistia a ela.
A indignação de quem estava presente voltava-se para o facto do senhor se ter apresentado como dr., seguindo-se toda uma teorização sobre a personalidade de quem nos cheques usa tal referência. "Doutores? Para mim os doutores são os médicos!", dizia uma voz irritada! "Doutores são os professores doutores, esses sim!", exclamava outra voz igualmente enervada! "E sabes, as mulheres são piores nestas coisas...eu sou um bocado feminista, mas tenho que ser justa!", retorquiu a primeira.
Já tinha resistido ao impulso de reagir aquando da exclamação inicial sobre o racismo. Resisti também ao ímpeto de perguntar o que era ser um bocado feminista.

Vim embora a perguntar-me se não seria de se começar a colocar à entrada dos estabelecimentos comerciais uma placa com a seguinte inscrição: "Proibida a entrada a racistas e a xenófobos/as", em substituição das que proibem a entrada dos animais que não incomodam nem fazem mal a ninguém!
Há quem tenha a ilusão de que os títulos enobrecem quem os carrega. Mas essa ilusão é, regra geral, um mero sintoma de prosápia aguda, inofensivo quando isolado. A mim preocupam-me os sintomas de outras ilusões que fazem com que alguém se julgue no direito de se negar a ser atendido por imigrantes. Preocupam-me ainda mais os sintomas da indiferença que acompanham quem, impávida e serenamente, apenas se indigna com o inofensivo.

terça-feira, setembro 04, 2007

Regresso ao passado...

Este fim-de-semana voltei a deleitar-me com um dos filmes da minha vida: Anjos Amordaçados (IRON JAWED ANGELS no original). Descobri há pouco tempo a existência de um projecto que procurou registar, através da história oral, depoimentos de algumas das mais célebres sufragistas do século XX. Vale a pena reencontrar a História neste território de memórias, assim como relembrar alguns momentos dessa luta na Coleccção Digital do National Woman's Party.
Boa viagem!

Democracia q.b.

Neste país de intocáveis tradições, à beira mar plantado, nem todos/as estão sujeitos/as às mesmas regras da democracia. Quem, pelas vias comuns, chama a si os seus direitos como cidadão/ã, esbarra não raras vezes com o impecilho de um sistema que tem os seus códigos de acesso, não decifráveis aos olhos do/a comum dos/as mortais.

Quem tem a má sorte de ter que recorrer a um serviço de urgências de um hospital público ou ser internado/a para uma qualquer intervenção (ou tem o azar de ser apenas familiar de uma destas pobres almas) fica à mercê do sistema e dos seus códigos. Se se tem o privilégio de conhecer os códigos, então a democracia está garantida. Se não se tem esse privilégio, novo azar!
Se o/a porteiro/a é amigo/a, se o/a enfermeiro/a é conhecido/a, se o/a médico/a é visita assídua lá de casa abrem-se portas, alargam-se horários de visita... oferecem-se sorrisos. Se não... pedincham-se favores em jeito de súplica.

A democracia, assim como a liberdade, é um privilégio de poucos/as. Para alguns/as a democracia e a liberdade têm que ser mendigadas como esmolas.