domingo, abril 27, 2008

Parabéns ao GRIT

Ronda habitual a alguns lugares da blogosfera. Paragem obrigatória no Fishspeaker (um blog de que gosto particularmente). Motivos de sobra para uma dupla comemoração: o GRIT - Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transsexualidade - celebrou o seu primeiro aniversário a 25 de Abril de 2008. Coincidências ou talvez não: há datas que nos aconchegam a alma!

quinta-feira, abril 24, 2008

E assim se constrói a verdadeira democracia...

Perturbação da ordem pública...

Perturbação da ordem pública quer dizer, em muitos casos, reivindicação de direitos fundamentais.
As mulheres têm sido historicamente acusadas de perturbar a ordem pública sempre que reivindicam os seus direitos. Um clássico contemporâneo que evidencia o incómodo causado pela elevação das vozes femininas, mas sobretudo das vozes feministas.
Há que calá-las. Torná-las silêncio. Acorrentá-las a uma qualquer masmorra que as torne inaudíveis.

Ontem depois do jantar sentei-me no meu sofá da sala com o livro da Madalena no colo.
"As mulheres exigem respeito. Mesmo que não o verbalizem, mesmo que não o reivindiquem, mesmo quando negam que a discriminação existe". (Barbosa, 2008, p. 88).

Exigimos respeito. Respeito por quem somos e por quem queremos ser ou não ser.
"A desigualdade nasce da falta de respeito por todo um povo, o povo das mulheres" (Barbosa, 2008, p. 89).

Os meus direitos, os nossos direitos, não podem continuar a ser tratados como uma perturbação da ordem pública. Essa ordem pública...que não é senão a ordem masculina.

Estamos cansadas, estou cansada, de ser a desordem...

quarta-feira, abril 23, 2008

Aprendam...

"A desarrumação numa casa de banho desperta no marido vontade de ir tomar banho fora de casa."
(Jornal das Moças, 1965)

Dentre os ditos retirados de revistas femininas dos anos 50 e 60, compilados no blog da Carla, encontra-se este. É muito explícito nos seus ensinamentos (como aliás todos os outros) e cristalino na culpabilidade que atribui às donas de casa (essas fadas do lar sem asseio...vulgo, porcalhonas) pelas supostas (mas legítimas) "facadinhas no matrimónio" dadas pelos maridos.

Não é certamente por acaso que até hoje as mulheres continuam a aparecer associadas aos produtos de limpeza (milagrosos por sinal) que tornam as casas de banho lugares idílicos para qualquer romance. Esposas dedicadas, mães extremosas ou mulhereres sofisticadas cujas vassouras ou esfregonas parecem ter sido decalcadas de um qualquer matrix dos tempos pós-modernos...são variados os exemplares dessa espécie que assegura a higiene dos prezados companheiros, mantendo imaculadas as sanitas, os bidés e as banheiras (já para não falar no chão que suas excelências pisam...solo sagrado, pois está claro).

Mulheres deste país aprendam: se querem salvar os vossos matrimónios mantenham as vossas casas de banho sempre arrumadas. Não vá dar-se o caso da vossa falta de asseio ser fundamento para divórcio!

p.s. Passaram quase 50 anos desde a publicação daquela revista...terá mudado assim tanta coisa nesta visão em torno daquilo que compete às mulheres? E que descompete aos homens?

sexta-feira, abril 18, 2008

À mulher de César...

Se há país que merece a pena ser comentado é este nosso. Tivesse eu tempo...

"Em política o que parece é. À mulher de César não basta ser séria, tem de parecer. Aconselharia a prudência que estas coisas não acontecessem".


É só ler nas entrelinhas: Política, mulher, seriedade, prudência...está tudo dito, não é?

Outras pérolas...

Para esta semana, outras leituras...



As Causas das Mulheres: A Comunidade Infigurável, de Teresa Joaquim.

Edições Livros Horizonte


Violência na Família: Uma Abordagem Sociológica, de Isabel Dias.

Edições Afrontamento.

Boas leituras!



domingo, abril 13, 2008

Olé!

Pode ser que aprendamos alguma coisa...

sexta-feira, abril 11, 2008

Make some noise...

Outras sugestões

Para esta semana...


Género, Identidade e Desejo: Antologia Crítica do Feminismo Contemporâneo, de Ana Gabriela Macedo, Editora Cotovia.

Movimento Feminista e Educação: Portugal, Décadas de 70 e 80, de Maria José Magalhães, editora Celta.

Boas leituras!

Feira pedagógica

Mais uma iniciativa no âmbito do Congresso Feminista 2008, a realizar-se na Universidade do Minho, já para a semana.

Deixo-vos o Programa (só para abrir o apetite):

14 de Abril16:00hs
Mulheres “violentáveis”?!
Violência doméstica em debate

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV)
Teresa Sofia Silva
Amnistia Internacional
José Luis Gomes
União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)
Elisabete Brasil

Moderação
Sylvie Oliveira Mestranda em Ciências da Comunicação na UMinho

15 de Abril14:30hs
Sexo e Dinheiro: A prostituição em debate.
Debate sobre a regulamentação da prostituição.

O Ninho
Inês Fontinha
Departamento de Sociologia da UMinho
Manuel Carlos Silva

Moderação
Almerindo Janela Afonso

16 de Abril
11:00hs
Performance & Olhares sobre a ‘Arte e Feminismos’

As expressões do Feminismo na Arte.

Centro de Estudos Humanísticos da UMinho
Ana Gabriela Macedo
Instituto de Estudos da Criança da UMinho
Angélica Lima Cruz

16:00h
Feminismos e Média

As expressões do Feminismo nos Média.

Departamento de Ciências da Comunicação da UMinho (CC)
Felisbela Lopes
Departamento de CC da UMinho
Manuel Pinto
Departamento de CC da UMinho
Silvana Mota Ribeiro
Departamento de CC da UMinho
Zara Pinto Coelho
Mestranda em CC na UMinho
Anabela Santos

Moderação
Carla Cerqueira Doutoranda em Ciências da Comunicação na UMinho

17 de Abril15:00hs
“Nem menos, nem mais: Direitos iguais!” - LGBT em debate
Debate sobre direitos humanos e orientação sexual.

Departamento de Sociologia da UMinho
Ana Brandão
Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transsexualidade (GRIT)
Luísa Reis
Grupo de Reflexão e Intervenção do Porto (GRIP)
Frederico Lemos
Clube Safo
Eduarda Ferreira

Moderação

18 de Abril15:00hs
Aborto e Saúde Reprodutiva: o que mudou um ano depois?
Interrupção voluntária da gravidez e saúde reprodutiva.

Centro de Saúde de Vila Verde
Cândida Carlos
Movimento pelo SIM
Cecília Costa
UMAR
Helena Gonçalves

Moderação
Danielle Carvalho Capella Doutoranda em Psicologia Social

quinta-feira, abril 03, 2008

Misses...ou mulheres de verdade

Achava, como acho agora, que os concursos de misses, de um modo geral, em nada dignificam o estatuto das mulheres que neles participam (nem o das que a eles assistem), reforçando antes a representação social do corpo feminino como instrumento de contemplação e consumo. Das frases feitas proferidas pelas coroadas, sem sentido, vazias de conteúdo, ficava-me sempre a sensação de que nada daquilo era produto de uma verdadeira reflexão sobre os problemas do mundo. Desejar a paz, acabar com a guerra, saciar a fome...tudo aquilo me soava a ensejos de circunstância.

Ontem de manhã quando ia trabalhar ouvi na rádio uma notícia que me fez voltar a pensar nisto: nas misses e nos seus concursos.
A notícia que ouvi era sobre a organização, em Angola, de um concurso de misses chamado MISS LANDMINE. As concorrentes são mulheres amputadas vítimas do flagelo das minas terrestres e disputam entre si não só um lugar na passarelle, mas um prémio muito especial: uma prótese feita à medida.

O projecto publicou o THE MISS LANDMINE MANIFESTO, com os seguintes objectivos:

Female pride and empowerment.
Disabled pride and empowerment.
Global and local landmine awareness and information.
Challenge inferiority and/or guilt complexes that hinder creativity- historical, cultural, social, personal, African, European.
Question established concepts of physical perfection.
Challenge old and ingrown concepts of cultural cooperation.
Celebrate true beauty.
Replace the passive term 'Victim' with the active term 'Survivor'

Se o propósito fundamental desta iniciativa é o de evidenciar a luta contra a discriminação (e acredito que seja) e celebrar a verdadeira beleza, desafiando os complexos de culpa e de inferioridade e autonomizando estas mulheres...venha daí o manto, a coroa e a restante parafernália monárquica. Até eu quero coroar estas misses!

Sugestões

De novo os livros...


A sessão de lançamento da obra "História Comparada das Mulheres", de Anne Cova (org.) será hoje, às 18h30, na livraria Bulhosa, junto ao Campo Grande.


Aqui fica uma das sugestões da semana.


Outra sugestão:


Movimentos de Mulheres em Portugal: Décadas de 70 e 80,
de Manuela Tavares - Livros Horizonte

Boas leituras.