O natal tem, para mim, um travo misto de amargo e doce.
Noutras épocas, em que era nómada de mim mesma e me dividia a cada ano entre duas casas, duas árvores de natal e duas famílias, o natal trazia-me um quê de inquietude e de estranheza. Sentia-me parte de uma realidade nada normativa, embora estivesse rodeada de afectos e de gestos de amor em dose dupla.
À medida que fui crescendo e o nomadismo foi dando lugar a uma outra forma de estar no natal (uma única casa, uma única árvore de natal e uma única família), outros sentimentos de inquietude e de estranheza se instalaram.
Dou por mim a olhar em volta e a notar as ausências, os silêncios, os vazios, os lugares não preenchidos...
É bom ter saudades e afagar o passado com as nossas memórias. Por mais amargo que possa ser o gosto das ausências, a lembrança das presenças (e das vidas) adoça-me (e aconchega-me) sempre a alma.
sábado, dezembro 15, 2007
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1 comentário:
Não sei quem disse, talvez mais uma vez, o senso comum, mas é verdade que "a saudade é a maior prova que o passado valeu a pena".
Por isso, apesar de doloroso por vezes, é bom sentir saudades. É ao que nos abraçamos quando existe esse vazio silencioso.
Partilho a mesma experiência do Natal, e há sempre em mim uma nostalgia diferente do que vejo em meu redor.
Um abraço muito grande.
Ludovina
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