Eis-nos
"Eis-nos de luta
expostas
sem vencer os dias
as verilhas
certas
no passo retomado
o rever das casas e das causas
o revolver das coisas
que dormiam
Diária é a escolha
o movimento insano
o sossego manso e mais pesado
daquilo que desperta e não quebramos
daquilo que rasgamos
e dobramos
carta por carta em seu perfil exacto
Fêmeas somos
fiéis à nossa imagem
oposição sedenta que vestimos
mulheres pois sem procurar vantagem
mas certas bem dos homens que cobrimos
E jamais caça
seremos
ou objecto
dado
nem voluntário odor
de bosque seco
vidro dizemos
pedra
caminhada
em se chegar a nós
de barca
ou vento
Remota viração que se reparte
esta que usamos em cumprir
sustento
de pressuposta amarra
em que ficamos
apartadas dos outros
e tão perto"
Novas Cartas Portuguesas, 1972
domingo, março 08, 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Tão bonito! As palavras têm um poder infinito.
Enviar um comentário