quarta-feira, dezembro 31, 2008

Estas pessoas...

"Você já se imaginou sentar nesta esplanada e pagar bem pelo que vai comer e ter como vista estas pessoas?", questiona António de Sousa, proprietário do mítico café "Martinho da Arcada". Um cenário real, diga-se. Sentados numa das cadeiras do estabelecimento, lá se dá de caras com Amélia, a fazer as necessidades para dentro de um plástico, que depois coloca no caixote do lixo. "Já a vieram a buscar e a outros, mas regressam sempre. Este cenário afasta a clientela. Já fizemos um abaixo-assinado em Agosto por causa destes sem-abrigo e as autoridades não fazem nada", queixa-se o empresário.

Tendemos a querer longe o que nos pesa na consciência. É mais fácil fazer de conta que não se vê, que estas pessoas não existem, que são nada.

Este tipo de declarações reabilita o modelo da lepra e as práticas de exclusão e de exílio de outrora. Varrer as ruas, limpar o lixo, encarcerar a mendicidade e a pobreza, tratando-as como loucura. É este o nosso conceito de normalização. Erradicar a peste escondendo-a do alcance da nossa visão. Não importa se existe, desde que não a possamos ver, cheirar, tocar ou sentir.

Não importa se estas pessoas passam fome, se estão doentes, se têm frio...se estão sozinhas, vulneráveis ou fragilizadas...o que realmente importa é que incomodam o conforto de uma clientela que pode dar as boas vindas a um ano novo que só será novo para quem o puder pagar.

domingo, dezembro 28, 2008

Educação

Esta é, para mim, uma das evidências mais tristes do mundo actual.
Negar às mulheres o direito à educação é privá-las do seu direito à liberdade.

Igualdade para 2009...é tudo o que desejo.

sábado, dezembro 27, 2008

A minha fé é nas pessoas

Mais do mesmo. Mas nem por isso menos grave ou menos perturbador.

"Trata-se da fé no Criador e da escuta da linguagem da criação, cujo desprezo seria uma autodestruição do homem e, portanto, destruição da própria obra de Deus. O que se exprime e entende frequentemente sob o termo de 'gender' [género] traduz-se em definitivo numa auto-emancipação do homem em relação à criação e ao Criador." (Bento XVI, cit. in Público, 24 de Dezembro de 2008).

A postura do "já estamos habituados/as a este discurso" tem que ser substituída por uma qualquer acção de repúdio colectivo, porque a dita linguagem da criação é criminosa, é homofóbica, é sexista e é transfóbica. E não tem nada a ver com a fé.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Objectividades

Numa altura em que são poucos/as os/as que parecem entender aquilo que quero dizer quando digo que a objectividade (na ciência, mas não só) é uma impossibilidade, ouvir alguém dizer que temos que ser objectivos/as sim, mas em favor dos/as oprimidos/as, soa a música...