sexta-feira, agosto 31, 2007

A casta humana imaculada

Há matérias que desencadeiam nas pessoas pruridos tais que sobre elas deveria recair um qualquer estatuto de atentado à saúde pública. Quem ousa defendê-las deveria ser considerado/a inimigo/a público/a, isolado/a numa ala hospitalar destinada a doenças infecto-contagiosas e afastado/a irremediavelmente do convívio social. Há que proteger a casta humana imaculada do risco da contaminação social e defender o futuro das gerações vindouras.

Ser (ou respeitar quem é) de esquerda, homossexual, lésbica, bissexual, transsexual, feminista, a favor do aborto, naturista (e outras tantas esquisitices que me escuso de enunciar até à exaustão) deveria figurar (por decreto!) na lista dos pré-requisitos para o dito encarceramento. O controlo social impõe-se! Em nome do regresso da moral e dos bons costumes!

Os feminismos (particularmente) provocam na casta humana imaculada um sentimento de repúdio que raia a histeria. Tanto incomódo deve ser porventura o resultado da sua força reivindicativa. Ou não haveria tão boa gente a sofrer deste backlash pandémico!

quinta-feira, agosto 30, 2007

Credibilidade moral

Apoiar uma mulher que foi vítima de violação na sua decisão de abortar e providenciar-lhe os recursos para que o faça em condições de segurança e de dignidade é para a igreja uma causa que desvirtua inutilmente a imagem de uma organização que o defenda e que mina a sua credibilidade moral.

Confesso que este conceito de credibilidade moral me ultrapassa. Assim como me ultrapassa a concepção que a igreja católica tem de garantia dos direitos humanos. Ou uma mulher que é violada deixa de ter direitos? Deixa de poder decidir em liberdade aquilo que é melhor para si? Deixa de poder optar?

Violamos-lhe também o destino?

Blogue com grelos

Um agradecimento especial à Siona do Fishspeaker pela nomeação deste meu cantinho para o Prémio Blogue com Grelos. Vindo de quem vem a nomeação é uma honra.

Segundo a autora da iniciativa "O blogue com grelos premeia mulheres que, na sua escrita, para além de mostrarem uma preocupação pelo mundo à sua volta ainda conseguem dar um pouco de si, dos seus sentires e com isso tornar mais leve a vida dos outros. Mulheres, mães, profissionais que espalham a palavra de uma forma emotiva e cativante. Que nos falam da guerra mas também do amor".

Ao que parece reza a tradição que uma vez nomeada também eu faça as minhas nomeações:

Cinco dias, por Fernanda Câncio

Womenage a Trois, por Fuckitall

Fishspeaker, por Siona

Cusquices de Gajas, por Cuscaróis, Cuscavel, Cuskiss, Cuscarédo, Cuscous e Cuscólica Anónima

Pelas cumplicidades e olhares convergentes...

quarta-feira, agosto 29, 2007

No means no

Campanha da Home Office, UK
A prática de relações sexuais no contexto do casamento tem sido historicamente assumida como fazendo parte do contrato matrimonial estabelecido entre as partes, estando as mulheres obrigadas a cumprir os seus deveres sexuais, independentemente da sua vontade.
A violação marital foi até recentemente considerada uma impossibilidade legal, não sendo permitido às mulheres não consentirem o que a conjugalidade parece determinar por contrato.
Portugal, à semelhança da Áustria, Belarus, Butão, Hungria, México e Seychelles só decidiu criminalizar a violência sexual exercida contra as mulheres pelos seus maridos a partir de 1995, como resultado dos compromissos assumidos na Conferência de Pequim (ONU, 2000).
Não há, no domínio da violência sexual, impossibilidades legais. As mulheres não prestam serviços sexuais ao abrigo de nenhuma imposição contratual decorrente do matrimónio. Nem ao abrigo de qualquer outra imposição.
A sexualidade não se contratualiza pelo casamento. Assim como não se contratualiza o consentimento, nem a liberdade.
A palavra NÃO só tem um e apenas um significado.

terça-feira, agosto 28, 2007

Men VS Women - The Differences

A pergunta que se impõe:
Como desconstruir (para reconstruir) as nossas representações sociais?

Em nome da beleza...

Ou a beleza sem nome...

Idade Média...




Século XX...

Fotografia de Beverley Jackson (1997)




Século XXI

sábado, agosto 25, 2007

Blogosfera feminista e lgbt

Prémio Maria Lamas 2006 para Joana Amaral Cardoso, atribuído pela antiga Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, agora Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Pelo seu trabalho sobre a blogosfera feminista e lgbt.
PARABÉNS pela qualidade da reportagem e pela divulgação do activismo feminista e lgbt!

O poder das imagens


Costuma dizer-se que uma imagem vale por mil palavras...
Nunca para mim foi tão claro o significado desta frase.

p.s. um anúncio da marca Natan Jóias
que agitou consciências há alguns anos atrás...
ou como o passado se torna presente a cada esquina,
sem que as consciências se movam um milímetro que seja...

Ginásio só para mulheres...

No início da semana fui fazer uma aula experimental num ginásio perto da minha casa. Antes do martírio um sem número de medições, um inquérito pouco esclarecedor aos meus hábitos de vida e um périplo rápido pela minha história clínica, com o objectivo de aferir a minha real capacidade para a prática desportiva. O atestado médico dispensável: a minha palavra parece bastar (se digo que estou em forma e que sou saudável não há porque duvidar da minha honestidade!!! ).
À entrada do ginásio uma placa a proibir a entrada de homens. Mas oiço uma voz masculina lá dentro, frenética e sonora. O conceito é o do espaço exclusivo para mulheres: um ginásio só para mulheres. Mulheres de todas as idades, mas só mulheres. Mas então e a voz masculina? Desconfio.
Uma vez dentro do ginásio a revelação. A voz frenética e sonora provém de um gravador. Enquanto as mulheres se entregam ao martírio são comandadas pela voz de um homem, que de tempos a tempos ordena que elas mudem de exercício. Não é a professora que acompanha a aula que dá às suas pupilas instruções. Não. Também ela obedece à voz do gravador, à voz masculina que impõe o ritmo que todas devem seguir. Entro em dissonância cognitiva (não me bastava o martírio!!!). Os homens não podem lá estar fisicamente, mas a sua voz pode fazer-se ouvir a dar ordens ao mulherio que nem parece reparar em tal contrasenso!

É este o conceito do ginásio para mulheres. Um ginásio que rodopia ao som de uma voz masculina que comanda, frenética e sonoramente, as mulheres que o frequentam.

sexta-feira, agosto 24, 2007

De longe...aqui tão perto

De longe não ouvimos os gritos nem vemos os rostos...passeamos, do lado de cá da barricada, sem culpas, por entre o anonimato que nos parece salvaguardar a paz interior.
De longe não enfrentamos de frente os olhares que suplicam ajuda, não tocamos a pele que a fome mata, não sentimos o cheiro que a guerra exala, não experimentamos a dor que a violência provoca.
De longe esgueiramo-nos por entre a desculpa de que estamos longe.

Todos os dias, agora mesmo, do lado de lá da nossa barricada, milhares de mulheres são vítimas de violação em massa em teatros de guerra. O ritual implica que a violação seja muitas vezes realizada em público, por vários militares, frente aos companheiros, à família ou à comunidade das vítimas. Os militares, enquanto violam, entoam cânticos de celebração e lembram às vítimas que elas não passam de escravas ao seu serviço.

De longe tudo soa a longe.
Mas estaremos assim tão longe?
Que distância é esta que nos impede de calar os cânticos de celebração que visam lembrar às mulheres que elas não passam de escravas ao serviço dos homens, quer estejam eles em guerra, ou em paz?
Que distância é esta que nos anestesia diante da barbárie?
Que distância é esta que nos faz esgueirar por entre a desculpa de que estamos longe?

terça-feira, agosto 21, 2007

A ordenação das mulheres

"Não sei porque é que esse problema se há-de colocar. As mulheres são preciosas para a Igreja e têm um vastíssimo campo de trabalho, no qual têm dado mostras de grande capacidade. Contudo, essa questão teológica da ordenação não deve ser colocada. É que não há no Evangelho nada que nos permita trilhar esse caminho. Além de toda a tradição histórica da Igreja. Repare: os apóstolos foram ordenados por Cristo e Nossa Senhora não. No entanto, no plano do culto, Nossa Senhora está acima dos apóstolos. Isto para dizer que as mulheres não precisam de ser ordenadas para atingir o mais alto do Céu".

Desmontemos o discurso:
As mulheres são preciosas para a igreja...mas longe do poder.
As mulheres têm um vastíssimo campo de trabalho e possuem inúmeras capacidades (das quais têm dado provas - reconhecidas, ao que tudo indica)... mas não podem ser ordenadas, mesmo que o reivindiquem há anos como um direito que é inerente à sua fé católica.
As mulheres podem atingir o mais alto do Céu, não precisando para isso de ser ordenadas...mas não podem ocupar o Vaticano.

As mulheres que formulam a sua petição em ordem ao sacerdócio ministerial são com certeza inspiradas pelo desejo de servir a Cristo e à Igreja. E não é de estranhar que num momento em que as mulheres tomam consciência das discriminações de que foram objecto, elas cheguem a desejar o próprio sacerdócio ministerial. Mas é preciso não esquecer nunca que o sacerdócio não faz parte dos direitos da pessoa; é sim algo que depende da economia do mistério de Cristo e da Igreja. O múnus sacerdotal não pode tornar-se a meta de uma promoção social; nenhum progresso puramente humano da sociedade ou da pessoa poderá, por si mesmo, dar o direito de acesso ao sacerdócio: este é qualquer coisa de uma ordem diversa.

Parece que a igualdade é qualquer coisa de uma ordem diversa para a igreja. E que a defesa dos direitos das mulheres é apenas uma meta de uma promoção social.
Estou esclarecida.

segunda-feira, agosto 20, 2007

A evolução da espécie...

A evolução da espécie a caminho de um futuro queer...
...o derradeiro jogo entre a biologia e a cultura...

domingo, agosto 19, 2007

Mais do mesmo

De novo Alberto João...desta vez a proclamar-se contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, dizendo alto e em bom som que estamos a perder os valores pelos quais Portugal se deve bater, em honra dos nossos pais.

De novo o discurso homofóbico, conservador, chauvinista.
Mais do mesmo...num triste espectáculo que se repete, ano após ano, dia após dia, frente ao olhar atento de quem em êxtase o aplaude e o reverencia.
Vive-se na Madeira uma espécie de processo de endeusamento de Jardim...é a ditadura no seu esplendor! Fabrica-se o Deus para que governe sem freios!
Esta liberdade é certamente um privilégio...

sexta-feira, agosto 17, 2007

Stop The Traffik

Porque dizemos NÃO ao TRÁFICO HUMANO e à ESCRAVATURA SEXUAL, assinamos a petição em
http://www.stopthetraffik.org/help/declaration.aspx

Encontros improváveis

Não resisto a comentar aqui (não fosse este o meu território de perplexidades) uma frase que ouvi ontem num programa transmitido pela RTP sobre Pinto da Costa (um misto de biografia pessoal e profissional?) e que diz muito do moralismo bolorento e decadente no qual muitas mentalidades ainda vivem submersas (e do qual não parecem querer submergir!). A propósito da relação com Carolina Salgado - uma empregada de um bar de alterne, como se fez questão de enfatizar - a jornalista que narrava o documentário afirmou a dada altura que o Sr. Presidente do FCP se fazia acompanhar da namorada para todo o lado, inclusivé para os locais mais improváveis (ou menos prováveis!), afirmação que foi acompanhada por imagens do encontro do casal com o Papa João Paulo II.

Pelas palavras da jornalista depreendo que não seria suposto uma empregada de um bar de alterne ter tido o privilégio de encontrar-se com o Papa...
Certamente da lista de locais mais prováveis para uma empregada de um bar de alterne acompanhar o namorado não faz parte o Vaticano...

terça-feira, agosto 14, 2007

Aqui estamos

Quando oiço perguntar "Ó mulheres portuguesas, onde andam vocês que não vos ouço?" fico cheia de comichões (ó se fico!). E quando as comichões me invadem...entro no chamado estado do feminismo furioso (tipologia que desconhecia até hoje, eu que me achava uma entendida nestas coisas dos feminismos! Estamos sempre a aprender!).

O gesto sobre o qual João Miguel Tavares disserta não tem nada de insignificante. Ele é todo significado. De facto aquele ritual nada subliminar, uma espécie de ofertório, serve um propósito muito claro: o de premiar o macho vencedor com troféus de carne e osso.
É o cenário com que qualquer macho que se preze sonha...ser levado ao pódio da dominação tendo como recompensa não uma, mas duas meninas, geralmente de pernão à mostra, a mordiscar-lhes a bochecha. É o cenário que o sistema monta para perpetuar aquilo a que chamamos a ordem de género.

Não, nós as mulheres portuguesas (olhem eu a apoderar-me de mansinho do conceito de representatividade!!!) não nos conformamos com a exibição pública das mulheres e com a sua coisificação.
Nós as mulheres portuguesas temos feito (com sangue, suor e lágrimas, literalmente falando) a nossa luta em prol da igualdade entre os sexos. Temos andado por aí (ainda andamos) e temos erguido a nossa voz (ainda erguemos)... temos feito (ainda fazemos) a nossa quota parte de um projecto político que, ao que julgo saber, não é só nosso (ou é???). Só não nos vê e não nos ouve quem não nos quer ver e quem não nos quer ouvir!

É caso para perguntar: Ó homens portugueses, onde andam vocês que não vos ouço? Talvez se os homens portugueses andassem por aí a fazer-se ouvir as meninas do ciclismo não seriam apenas corpos que passam, beijam e rapidamente saiem de cena.

p.s. Só um esclarecimento em jeito de nota de rodapé (para desilusão de muitos/as...peço desculpa): não foram queimados soutiens em nenhuma praça portuguesa (pelo menos pelas feministas!!!)

Balada de Gisberta

Não nos perdemos do seu nome...
Chamava-se Gisberta...
Foi assassinada pelo olhar enviesado de uma sociedade que extermina a diferença... e que sevicia, viola e mata quem opta pela sua própria liberdade.

Pedro Abrunhosa compôs-lhe uma balada...
Uma homenagem que a justiça portuguesa (ou o que se vislumbra dela) não soube (ou não quis) fazer.

Vale a pena ler e continuar a ler este texto...e vestir, ainda que por segundos, a pele de um outro alguém que poderíamos ser nós.

segunda-feira, agosto 13, 2007

As meninas da Optimus...

...e mais uma viagem só de ida para a lua...por obséquio.

p.s. pergunto-me se as meninas da Optimus também serão personalidades representativas da população em geral...

As meninas da TV Cabo...

...e uma viagem só de ida para a lua... por obséquio.

"O próximo anúncio já está delineado, mantendo o conceito de três personalidades representativas da população em geral".

O conceito de representatividade sempre me intrigou...é verdade! Tenho uma cisma antiga com a ideia da generalização...uma cisma que remonta aos tempos da minha primeira rebelião contra o positivismo, confesso! Mas este conceito de representatividade... é a afronta máxima à minha humilde inteligência! Que mesmo de férias...em momento algum, se sente representada pelas meninas da TV Cabo (tristes figurinhas...)

p.s. Caro Sr. Zeinal Bava:
Se realmente levar as meninas à lua...faça-nos um favorzinho: deixe-as por lá!!! Melhor: DEIXEM-SE por lá!

quarta-feira, agosto 08, 2007

Boas notícias

É a decadência do macho men...
E a desertificação (lenta... mas lá chegaremos!) da sua coutada...

terça-feira, agosto 07, 2007

Mulheres Surma

Nesta tribo oriunda da Etiópia só as mulheres ostentam nos lábios o símbolo da sua pretensa riqueza. A dimensão do prato é proporcional à grandeza do dote que a família da noiva surma pode requerer na altura do matrimónio. O prato só pode ser despido na ausência dos homens.
A sua ostentação é sinónimo de beleza.

Significados vários podem ser desconstruídos em torno desta beleza...
Uma beleza certamente deformada pelos silêncios impostos.

"A married Surma woman wears a clay lip plate decorated with incised cow-horn designs along its border. During her youth, her ears were stretched to accommodate a smaller earplug. Note the delicate shaved designs of her eyebrows."

Fotografia de Carol Beckwith & Angela Fisher

Cosleeping...

Até há pouco tempo desconhecia que o fenómeno tinha designação científica. Nunca havia praticado a modalidade e achava mesmo que seria prática a evitar, talvez pelo imperativo da autonomia que tanto perseguimos na Psicologia (eu pelo menos persigo!). A pretexto de uma gripe mais forte em pleno Inverno, acompanhada por uma febre teimosa, lá anuímos ao que pensámos, na altura, ser um gesto situado de mimo parental. Levamos o Rui para a nossa cama, para dormir no meio de nós. Tamanha ingenuidade...
A gripe foi passando, a febre teimosa acedeu em ir embora, o Inverno fez as malas e partiu. Algures a meio da noite, a pretexto de uma insónia não tipificada nos manuais, nos meses que se seguiram, o gesto nada situado do mimo parental tem-se repetido. Não dormir um sono de qualidade há 16 meses faz quebrar todas as resistências! Tem-se repetido por isso também a nossa reacção mais ou menos automatizada de não resistir! E o Rui percebeu isso muito bem!

A modalidade que temos vindo (de forma coagida, sublinhe-se!) a praticar chama-se Cosleeping! Há quem a designe por Bed Sharing! Há quem prefira Family Bed! Ao que parece, e a avaliar pela literatura disponível, os benefícios (principalmente para os bebés!) são inúmeros. Mas o tema é controverso (e como é!!). Há quem associe esta prática a um risco mais elevado de Síndrome de Morte Súbita, há quem defenda que a questão é precisamente a inversa e que o Cosleeping reduz substancialmente esse risco, sendo inclusivé um factor de protecção. Quero acreditar, por razões óbvias, que na balança os benefícios pesem mais do que as desvantagens!

De uma coisa tenho eu a certeza: mais tarde ou mais cedo, pelo andar da carruagem, a nossa cama terá um novo visitante. Tenho para mim que esse vai ser o supremo teste à nossa capacidade de mimar: albergar o Noddy entre nós! Só assim a nossa cama será uma verdadeira Family Bed!

segunda-feira, agosto 06, 2007

Vigilância Social...e a saga continua

Dia 4 de Agosto. 16h. Tarde tórrida em Braga. Saio de carro para mais um passeio em família, a caminho de Guimarães. Deparo-me com aquilo (um déjà vu?). Hesito em acreditar mas não posso aproximar-me para ver de perto. Apenas avisto uma ruiva ao longe. Sigo para Guimarães. Em pulgas, mas sigo, imaginando que sabor se anuncia desta vez...
Volto. E paro. Detenho-me nos pormenores. Infelizmente não posso fotografar (o telemóvel resolveu ficar sem bateria!). Desta vez sabor a pêssego. O mesmo insulto. O mesmo apelo. A mesma indignação!

"Transmitir a imagem e o conceito de que a Control passou a comercializar emoções e experiências. No caso do SexSenses são sensações e estímulos afrodisíacos que representam uma nova experiência numa relação». É assim que Aurélio Vieira, product manager da Euro RSCG, explica o objectivo da campanha da Control.

Comercializar as mulheres como estímulos afrodisíacos. É isto que queria dizer Sr. Aurélio Vieira? É porque o objectivo, a imagem e o conceito desta sua campanha resume-se a isto!

p.s. Fiquei a saber hoje que também há sabor a menta. Quantos mais???

sexta-feira, agosto 03, 2007

Só?

237?
Acho pouco!

Então e a desculpa da procriação?

quinta-feira, agosto 02, 2007

Vigilância social

10h30m.
Manhã quente em Braga.
Saio de casa para um passeio em família.
Deparo-me com isto.
Aproximo-me para ver de perto. Não vá a distância distorcer-me o raciocínio.
Fotografo. Não vá o tempo desfocar-me a memória.
Na embalagem pode ler-se Chocolate Addiction... para o caso da imagem não ser suficientemente esclarecedora!
Lembrei-me do anúncio à cerveja Jansen Preta...
Lembrei-me do que tinha, antes de sair de casa, postado neste blog: o sexismo transfigura-se.

Senti-me insultada. Profundamente insultada.
Não havia nada de inerte naquele outdoor. Pelo contrário. Todo ele era vida.
Embora estático e insonoro todo ele era apelo.

Não é este apelo um elogio óbvio à "coisificação das mulheres"?
Um elogio óbvio à discriminação, ao sexismo e ao racismo?

A igualdade não pode apenas ser apregoada em discursos de conveniência.
A igualdade constrói-se, não se anuncia.
Constrói-se pela dissuasão dos apelos à desigualdade.
E pela nossa intransigente vigilância social. Essa sim, afrodisíaca!

Sem rosto...

De rosto tapado...


Ou a descoberto...

O sexismo transfigura-se.

Uma vida diferente


quarta-feira, agosto 01, 2007

Oxalá algumas se percam nas férias!
E nunca mais sejam encontradas!