terça-feira, agosto 21, 2007

A ordenação das mulheres

"Não sei porque é que esse problema se há-de colocar. As mulheres são preciosas para a Igreja e têm um vastíssimo campo de trabalho, no qual têm dado mostras de grande capacidade. Contudo, essa questão teológica da ordenação não deve ser colocada. É que não há no Evangelho nada que nos permita trilhar esse caminho. Além de toda a tradição histórica da Igreja. Repare: os apóstolos foram ordenados por Cristo e Nossa Senhora não. No entanto, no plano do culto, Nossa Senhora está acima dos apóstolos. Isto para dizer que as mulheres não precisam de ser ordenadas para atingir o mais alto do Céu".

Desmontemos o discurso:
As mulheres são preciosas para a igreja...mas longe do poder.
As mulheres têm um vastíssimo campo de trabalho e possuem inúmeras capacidades (das quais têm dado provas - reconhecidas, ao que tudo indica)... mas não podem ser ordenadas, mesmo que o reivindiquem há anos como um direito que é inerente à sua fé católica.
As mulheres podem atingir o mais alto do Céu, não precisando para isso de ser ordenadas...mas não podem ocupar o Vaticano.

As mulheres que formulam a sua petição em ordem ao sacerdócio ministerial são com certeza inspiradas pelo desejo de servir a Cristo e à Igreja. E não é de estranhar que num momento em que as mulheres tomam consciência das discriminações de que foram objecto, elas cheguem a desejar o próprio sacerdócio ministerial. Mas é preciso não esquecer nunca que o sacerdócio não faz parte dos direitos da pessoa; é sim algo que depende da economia do mistério de Cristo e da Igreja. O múnus sacerdotal não pode tornar-se a meta de uma promoção social; nenhum progresso puramente humano da sociedade ou da pessoa poderá, por si mesmo, dar o direito de acesso ao sacerdócio: este é qualquer coisa de uma ordem diversa.

Parece que a igualdade é qualquer coisa de uma ordem diversa para a igreja. E que a defesa dos direitos das mulheres é apenas uma meta de uma promoção social.
Estou esclarecida.

2 comentários:

maria cecilia disse...

A Igreja exerce e sempre exerceu o poder no masculino... As mulheres são "serventes" da Igreja. Não era a "Maria" a empregada do Padre? Não são as "irmãzinhas" as servidoras e lacaias do PODER RELIGIOSO?... Mas também são estas que se inclinam e submetem a este tipo de poder. Com tantas e variadissímas formas de progresso parece-me quase que impossível que neste campo nada tenho sido alterado. As mulheres, ditas religiosas,continuam subservientes, aceitando com abnegação todas as ordens ditadas pelo Vaticano...vai ser um "calvário" até as mulheres conseguirem alcançarem um papel de poder na Igreja!... Mas, não tem sido este o percurso, a caminhada árdua, suada, sofrida e humilhada das Mulheres em prol da liberdade e igualdade de direitos??? Continuo acreditar que vamos conseguir...mas sempre "a ferros"... Enquanto existirem muitas dissidentes ( e existem, infelizmente) a luta é mais difícil, mas lá chegaremos... Abraço.

Ewerton B. Tokashiki disse...

Querida Sofia Neves

Embora sigamos perspectivas diferentes, creio que podemos manter um diálogo amistoso. Infelizmente, a abordagem "libertadora" em defesa da participatividade das mulheres no ministério ordenado [que é uma discussão tanto entre católicos como entre protestantes, por motivos, com argumentos, e implicações que divergem entre si] encontra toda a sua raíz na causa ética epistemológica, ou seja, qual a fonte que discernirá a autoridade de que é certo ou errado para se "ordenar" mulheres no sacerdócio, ou ministério pastoral? Como protestante, por herança e convicção, aceito "a Escritura Sagrada como única regra de fé e prática". No meu contexto eclesiástico, a questão da ordenação feminina se limita ao aspecto prático e exegético, embora reconheço que a maioria do evangelicalismo têm ordenado mulheres meramente motivados pela pressão social e com argumentos pragmáticos.

Creio que devemos parar de colocar a mulher no papel de vitimizada numa sociedade que não é mais tão masculina assim, ou patriarcal. As mulheres tem provado o seu valor, que ultrapassa à maternidade e o papel de companheira conjugal. A Escritura descreve a mulher primeiramente como auxiliadora, liderada pelo homem, mas nunca inferior à ele. Igual em importância, mas diferente em funções.

Percebo que enquanto não definirmos alguns temas cairemos na grotesta falácia da "achologia" subjetivista. Se quisermos alcançar a felicidade em nossos debates [tanto no contexto católico como protestante] precisamos abordar o assunto de outra maneira:
1. Existem diferentes papéis entre homens e mulheres? Se sim, eles são intercambiáveis? O fato de se assumir papéis diferentes, não só biológicos, mas funcionais e conseqüentemente de autoridade, diminiu a importância da mulher em todas, ou alguma das esferas sociais?

2. Em tudo precisamos redefinir o que é "autoridade". A pós-modernidade tem nos feito o favor de causar uma dissonância semântica. Logo, não só por uma questão lingüística, mas ideológica carecemos urgentemente dizer o que se deseja com "ter a autoridade ou poder nas mãos"?

Talvez, podemos manter um diálogo e esclarecermos mais. Desculpe-me escrever tão longo comentário.

Respeitosamente em Cristo,
Rev. Ewerton B. Tokashiki
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