segunda-feira, abril 30, 2007

O direito de dizer não

Há uns dias atrás fiz referência à importância do activismo académico como uma estratégia de contestação às práticas e aos discursos tradicionais da ciência.
Ao olhar para o panorama da publicidade na televisão portuguesa avisto uma outra forma de activismo ou eventualmente uma outra forma de exercício de cidadania que a realidade nos convida (necessária e forçosamente), a todas e a todos, a adoptar.

O mais recente anúncio da Calgonit é paradigmático.
9 em cada 10 portuguesas sorriem graças ao Calgonit.
Este anúncio é paradigmático da urgência de uma qualquer acção política em Portugal que vise uma regulamentação efectiva da máquina publicitária e das linguagens que ela veicula.
Como a acção política tarda, talvez a acção cívica possa surtir os seus efeitos. Como? Tornando-nos conscientes dos produtos que queremos ou não consumir, dos estereótipos que queremos ou não alimentar e, em função disso, optando.
Eu pessoalmente opto por não consumir o discurso de que a felicidade das mulheres depende de um detergente ou de qualquer outra coisa que as confine ao mundo da domesticidade que, é, sejamos claras/os, o mundo da subserviência.
Se depender de mim...das duas uma: ou a Calgonit fecha as portas (ela e todas as congéneres na ideologia) ou repensa a sua política publicitária.

1 comentário:

maria cecilia disse...

O processo universal das relações sociais e culturais na sociedade de consumo tem criado muros que separa a realidade da utopia publicitária. Publicidade e propaganda passaram a submeter e a impôr as regras , as normas e modas nos individuos sociais, inclusive a publicidade influencia significativamente a linguagem da necessidade consumista. Devemos analisar este processo mediático, bem como as conseqüências dessa dependência publicitária.. A informação é tanta e variada, são tantos os apelos que inconscientemente tendemos ao consumo de determinados produtos ...A publicidade tem sido severamente criticada como "manipuladora de opiniões", "agente massificador" etc. Realmente,são muitos os recursos utilizados: ora são brindes ou colecções e ainda a pressão sobre crianças etc.
A publicidade é geralmente tendenciosa, uma vez que a informação apresentada está carregada de aspectos positivos do produto, enquanto que os defeitos são deliberadamente suprimidos.
Há publicidade em cada esquina, em cada estação do metro e durante os longuíssimos e maçadores intervalos na T.V. a indústria da publicidade usa de todos os meios para atingir um único objectivo: o consumo. Não posso deixar de referir que fiquei extremamente satisfeita com a publicidade da marca "Dove"...tenta mudar os estereótipos sobre a beleza e sobre a velhice feminina. Uma atitude de mudança muito positiva numa sociedade em que predomina "a ditadura da Barbie", bem hajam...