Como é cómodo (e conveniente) recostarmo-nos no nosso sofá e fecharmos os olhos ao mundo dos outros. Quando o assunto não nos diz directamente respeito (quando não o vivemos na pele, entenda-se) geralmente vestimos o ar sobranceiro e altivo de quem está distante (e acima) das realidades estranhas.
Quando os direitos não são nossos (quando não são aparentemente nossos) não nos atrevemos a ir em busca deles, nem mesmo aceitamos que outros/as o façam. Para quê, se não são nossos?
Como é fácil apontar o dedo, criticar, tornar menor...
A propósito da Marcha pelo Orgulho LGBT, sobre a qual escrevi no post anterior, ouvi inúmeras barbaridades. Como se ouvem todos os dias aliás, de forma mais ou menos simulada. Finge-se neste país que a igualdade é um bem adquirido. Assim como a democracia. Mas finge-se mal.
As pessoas têm o preconceito estampado no rosto e na voz. Continuam a querer guetizar quem não cabe no padrão, definindo hierarquias de autoridade moral e de decência.
Parece que tudo que contraria o convencionado atenta contra a ordem. Mas qual ordem? Estipulada por quem?
Será assim tão difícil perceber que a homossexualidade é apenas um caminho no amplo roteiro dos afectos?
2 comentários:
Porque se incomodam as pessoas tanto com as escolhas dos outros? Se um homem ama um homem, uma mulher outra mulher ou um homem uma mulher ...não vejo que diferença possa haver, é amor. O amor não tem receitas, não é estipulado socialmente, não tem cor nem raça é sentido e igual em todos os seres humanos. Quando o amor é vivenciado, nada nem ninguém consegue arrancar o sentimento que o "eu" tão intensamente vivencia ...A vida é tão curta...porque não deixar que as pessoas vivam a sua viva conforme desejam?...porque se há-de transformar a vida de algumas pessoas num inferno? Devemos "atirar pedras" aos outros só porque amam e fazem as suas escolhas "diferentes" do socialmente correcto? E...também podemos ter "telhados de vidro"...nunca se sabe!!!
Penso que estas questões acontecem porque as pessoas passam demasiado tempo a avaliar a vida dos outros, não se dando conta da própria, muitas vezes deixando-a para trás. A homosexualidade é encarada socialmente como uma tendência anormal no sentido prejurativo, no entanto poderia ser encarada como menos habitual, ou então tão simplesmente como relações amorosas, e nada mais.
Choca-me particularmente as crianças não poderem ser adoptadas por homosexuais. Pergunto se será preferível a vivência em Instituições,onde muitas vezes são maltratadas,onde o vínculo e o apego não são tão bebnéficos como a teoria relata.Sabemos que estas crianças no caso de adoptadas, serão sempre apontadas, tal como os pais, mas esta questão deixaria de ser problema se o diálogo social sobre a homosexualidade fosse internalizado de uma outra forma, muito mais humana.
Um abraço.
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