Embora corra o sério risco de ser acusada de estar a lançar o pânico moral ou “a excomunhão do reaccionarismo, do preconceito e doutras coisas nefandas”, não resisto a comentar o texto da autoria de Helena Matos, “O género é o que está a dar”, publicado no jornal Público.
A argumentação elaborada em torno da emergência desta malograda geração de profissionais (as/os especialistas em género ou as novas titis) é, para além de muitíssimo esclarecedora, profundamente visionária. Mais: este texto oferece, quer às comunidades académicas, quer à sociedade civil, contributos únicos (e acredito que irrepetíveis) para o processo de clarificação, que está em curso há vários anos, sobre o que significa estudar o género.
Assim, tornou-se agora evidente que quem estuda o género tem um estatuto privilegiado (faz parte de um grupo profissional em franco progresso e está bem estabelecido na vida), decorrendo essa posição social de poder da luta que é empreendida contra o pecado. As e os especialistas em género são, portanto, uma espécie de cooperativa da fé, uma elite alienada que subsiste à custa dos fundamentalismos que apregoa.
Quem estuda o género é também quem dita os usos da linguagem e quem estabelece os regimes a partir dos quais se produz ciência: por nossa causa os discursos sexistas pereceram e o positivismo sucumbiu aos saberes emancipatórios. Matamos a ciência tradicional! Estes e outros “disparates” são o passaporte para que não façamos outra coisa senão viajar para congressos, gastando o dinheiro do Estado que nos financia para “eliminar as discriminações, a homofobia e o sexismo”.
As e os titis do género agradecem à Helena Matos esta lição de sabedoria e lucidez com que nos brinda este texto. É enternecedor o respeito com que trata as/os funcionárias/os do género…ou se quiser, as/os funcionárias/as da igualdade, da democracia e da liberdade.
quinta-feira, maio 20, 2010
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