O caso da pequena menina britânica raptada no Algarve, que amanhã faz 4 anos, coloca-nos perante imensas questões, todas elas inquietantes. As questões que neste momento a mim se levantam particulamente têm a ver sobretudo com aquilo que do ponto de vista social temos vindo ou não a fazer para combater de forma eficaz e célere o tráfico humano e os fins a que se destina a transacção comercial a que estão sujeitas milhares de crianças por todo o mundo.
Apesar de não conhecermos objectivamente os contornos deste pretenso rapto, muitas hipóteses podem ser aventadas. Entre elas, e na senda do que tem vindo a acontecer em situações similares, destaca-se certamente a hipótese da inclusão desta criança no circuito das redes pedófilas e da escravatura sexual, circuito esse que funciona como um polvo gigante que movimenta frenética e inteligentemente os seus tentáculos.
O trabalho das polícias é essencial na captura deste polvo e na imobilização dos seus tentáculos. Mas também nos compete a nós, cidadãs e cidadãos, assumirmos uma postura de policiamento colectivo, que nos torne mais vigilantes e mais participativos/as na defesa dos nossos interesses. Não podemos continuar a olhar para estes casos como se eles fizessem parte de uma realidade distante, que não nos diz respeito e sobre a qual não temos responsabilidade de intervir. Não podemos continuar a contemplar egoisticamente o nosso próprio umbigo, acreditando que o nosso perímetro de vida é o único pelo qual importa realmente lutar, resistir, avançar. Não podemos continuar a fingir que vivemos todas e todos numa espécie de universo compartimentado, com fronteiras estanques e escudos impermeáveis.
Ou corremos o sério risco deste polvo nos esventrar irremediavelmente.
sexta-feira, maio 11, 2007
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1 comentário:
Sem dúvida.
O mundo é grande demais para nos cingirmos a pensar meramente no que se passa em nossa casa, na nossa vida. Muitos destes problemas seriam minimizados se a humanidade não fosse tão egoísta e egocêntrica.Um exemplo, quantos são os casos de violência que muitos de nós observamos e que não denunciamos porque " se a senhora não denunciou quem somos nós para o fazer?". Somos a pessoa que está de fora e que não tem medo da perseguição...
Este caso da Madeleine e o de muitos outros tem reúnido esforços a nível talvez remediativo...mas é preciso de facto intervir precocemente sobre estas redes pedófilas, mais trabalho e menos paleio ( desculpando o termo mas é mesmo assim).
Não é fácil, mas muitas das vezes não se chega ao cimo da montanha devido à pedra no sapato.
Um abraço,
Ludovina azevedo
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