sexta-feira, junho 15, 2007

Violência nas escolas

Ontem discutiamos numa aula a questão da escalada de violência entre as camadas mais jovens e o crescente desejo do consumo gratuito da mesma através da visualização de registos videográficos da morte na internet. Parece estar a avolumar-se a tendência para procurar retratos ao vivo do sofrimento humano, pela busca do prazer de ver morrer...e de ver matar.

Não só se consome violência fora da escola, mas igualmente dentro dela, entre pares. O bullying faz parte da realidade portuguesa, não tenhamos dúvidas disso. Do chamado "jogo do poste" ao "jogo da lata", passando por outras manifestações de teor idêntico, quase todo o tipo de violência habita as nossas escolas. Em algumas os/as alunos/as fazem já circular pela internet vídeos de cariz sexual em que eles/as próprios/as são os/as protagonistas.

Mas o fenómeno da violência nas escolas não ocorre apenas entre os pares. Ao fim do dia ouvi a notícia de que um professor da Universidade do Minho tinha sido esfaqueado no seu gabinete por um aluno que se sente insatisfeito com o Processo de Bolonha.
Estremeci! Imagine-se o banho de sangue que teriamos se todos/as os/as alunos/as que estão insatisfeitos/as com Bolonha desatassem a esfaquear os/as professores/as! Arrisco-me a dizer que a classe ficaria reduzida pelo menos a metade!

Não sei se estes fenómenos traduzem um ritual em vias de massificação, mas o facto é que o seu crescimento não pode deixar de fazer-se acompanhar de uma análise de fundo sobre o que tudo isto significa.
O aumento da violência (ou pelo menos a sua maior visibilidade) é certamente um sinal de alarme para quem educa. Se persistirmos nesta atitude de "faz de conta" acredito que qualquer dia não estamos a noticiar um qualquer massacre nos EUA, mas em Portugal.

1 comentário:

maria cecilia disse...

A realidade do nosso quotidiano mudou de forma repentina. Por um lado continuamos a pensar que somos um país de brandos costumes...que a violência só acontece no "estrangeiro"... Por outro lado somos inundados de "más notícias" em casa, através dos meios de comunicação, com imagens de horror, de guerra, de morte, um caos "infernal". Saimos para a rua, sentimentos de insegurança invadem o nosso íntimo...no metro agarramos na carteira de forma desconfiada...já não acreditamos em nada nem ninguém...será que o poder do terror se está apoderar de nós?.
Acompanhar o progresso e a globalização tem os seus custos...será que não têm as sociedades, compostas pelas suas famílias,membros sociais e individuais, de repensar na mudança de estratégias ao nível da educação e ao nível da formação ? Penso que urge adequar e unir esforços...é preocupante a escalada de crimes, de terror e de morte......