A deputada do PSD Madeira, Rafaela Fernandes, terá dito a semana passada, numa sessão parlamentar dedicada à discussão da aplicabilidade da Lei da IVG no arquipélago, que a função das mulheres é a da procriação. Mais tarde, numa entrevista ao DN, negou ter feito tais declarações, afirmando-se inclusivamente a favor do aborto.
Esta posição social relativamente à natureza feminina e às suas demandas biológicas deriva de uma visão clássica sobre aquele que deve ser o mais importante de todos os papéis desempenhados pelo sexo feminino. A tese de que as mulheres estão destinadas ao exercício da maternidade encontra sustentação na ideia de que essa é a sua suprema vocação.
A maternidade torna-se assim um atestado de capacidade. Como se não ser mãe signifique não ser verdadeiramente mulher. Como se não ser mãe seja uma espécie de amputação da identidade feminina.
Escolher? Optar? Decidir? Não! As mulheres não têm direito de querer.
A maternidade, aparentemente, não deve ser um caminho, deve ser o caminho. Está escrito no seu destino que essa é a sua verdadeira condição. Uma condição que, muitas vezes, não é aquela que escolheriam se tivessem podido escolher. Mas não é suposto que possam escolher! Que mulher, no seu perfeito juízo, repudia a função que a faz mulher?
A maternidade, assim como a paternidade, não é uma função nem uma atribuição biológica.
É muito mais do que isso. É sobretudo uma escolha que se deve poder fazer sem que o imperativo dos papéis de género nos estreite a liberdade!
domingo, julho 29, 2007
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