sexta-feira, março 23, 2007

A construção social do feminino


Retomo hoje a questão da linguagem sexista...mais particularmente da linguagem publicitária sexista e da máquina voraz que a alimenta. A informação que é bombardeada por via da publicidade é um exemplo bastante claro de como os discursos da comunicação social funcionam como veículos de formação de preconceitos e estereótipos. Se pensarmos especialmente no impacto que esta criação de preconceitos e estereótipos tem na construção social do feminino a questão torna-se ainda mais inquietante.
Grosso modo as mulheres são retratadas na publicidade como objectos sexuais ou como donas de casa. Ou se procura vender a ideia da mulher como um produto de consumo, física e sexualmente falando, ou se insiste na ideia da mulher "fada do lar", comprometida seriamente com as lides domésticas e envergando uma atitude de óbvio servilismo em relação a tudo e a todos. O objectivo da máquina publicitária tem sido o de reforçar a visão que mais convém ao sistema. Um sistema que é, de raiz, enviesado na forma como estrutura o poder de quem o serve.
Por detrás destas máquinas, um gigantesco motor se move.
Poucos são os exemplos de acções publicitárias cuja missão seja travar o gigantesco motor. A última campanha da Dove é um deles. E um bom exemplo. O título é sugestivo: Beleza Real. A marca procura, sob este lema, empenhar-se na desconstrução dos padrões actuais de beleza e na redução das taxas de morbilidade e de mortalidade associadas à realidade das perturbações de comportamento alimentar.
Um exemplo a seguir. Porque também a publicidade deve procurar ser um exercício de cidadania. Para quem a produz e para quem a consome.

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