quinta-feira, abril 19, 2007

A tarefa das universidades

As notícias da última semana, que nos chegam do país e do mundo, são francamente perturbadoras.
A notícia do massacre nos EUA é contudo, a mais perturbadora de todas, pela tragédia humana e social que traduz. O que se passou no campus universitário da Universidade da Virginia relança o debate sobre o uso livre de armas nos EUA, mas relança sobretudo a discussão sobre o apoio que as universidades devem providenciar aos/às seus/suas alunos/as relativamente à sua integração na vida académica.
O ingresso na universidade constitui uma etapa de transição de alto risco no percurso de um/a estudante. As mudanças associadas a esta etapa exigem uma enorme capacidade de adaptação. Adaptação a uma nova lógica de ensino, adaptação a um novo contexto, adaptação a novas relações sociais, adaptação a um outro nível de autonomia pessoal, adaptação a uma outra cidade, a uma outra casa...a um novo vazio, a um novo silêncio que a ausência da família pode constituir. Nem sempre esta transição para a idade adulta é isenta de constrangimentos. E os constrangimentos, quando não amortecidos devidamente, podem evoluir para quadros de desvio, de isolamento social, de perturbações psicopatológicas. No limite, os constrangimentos podem dar lugar a comportamentos criminosos.

A tarefa das univerdades não pode ser apenas a de ensinar. Temos a responsabilidade de desempenhar uma outra tarefa bem mais complexa (e do meu ponto de vista bem mais importante): a de sermos uma plataforma para o desenvolvimento integral dos cidadãos e das cidadãs desta aldeia global. Amortecendo os constrangimentos que a transição para a vida adulta traz consigo. E que são muitos.

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