terça-feira, setembro 04, 2007

Democracia q.b.

Neste país de intocáveis tradições, à beira mar plantado, nem todos/as estão sujeitos/as às mesmas regras da democracia. Quem, pelas vias comuns, chama a si os seus direitos como cidadão/ã, esbarra não raras vezes com o impecilho de um sistema que tem os seus códigos de acesso, não decifráveis aos olhos do/a comum dos/as mortais.

Quem tem a má sorte de ter que recorrer a um serviço de urgências de um hospital público ou ser internado/a para uma qualquer intervenção (ou tem o azar de ser apenas familiar de uma destas pobres almas) fica à mercê do sistema e dos seus códigos. Se se tem o privilégio de conhecer os códigos, então a democracia está garantida. Se não se tem esse privilégio, novo azar!
Se o/a porteiro/a é amigo/a, se o/a enfermeiro/a é conhecido/a, se o/a médico/a é visita assídua lá de casa abrem-se portas, alargam-se horários de visita... oferecem-se sorrisos. Se não... pedincham-se favores em jeito de súplica.

A democracia, assim como a liberdade, é um privilégio de poucos/as. Para alguns/as a democracia e a liberdade têm que ser mendigadas como esmolas.

2 comentários:

A. C. O'Rahilly disse...

Muito verdadeiro, e aquele é porque minha humanidade é um socialista.

Ludovina Azevedo disse...

Hoje sinto-me pendida para algumas citações, mas realmente...
"Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia" (Nelson Mandela).
"Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor" (José Saramago).
Um abraço.